O Ekeko: Deus andino da prosperidade

Fale sobre prosperidade no Peru ou na Bolivia e imediatamente ira conjurar nas mentes das pessoas a figura do Ekeko.
Durante as minhas palestras e workshops acostumo contar que o TawaIntiSuyo (antigo Peru) foi a única sociedade na historia do mundo que não conheceu a fome. Nossos ancestrais desfrutaram de uma grande prosperidade como produto do relacionamento harmônico que levaram com a Pachamama e com as deidades da riqueza material, uma daqueles Deuses foi o Ekeko.
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Ekeko, Iquiqu ou Tunupa, foi o Deus da prosperidade e da felicidade dos aimarás, quéchuas e collas desde tempos anteriores a Cristo. Seu culto se estende do centro do Peru à Bolívia e ao noroeste da Argentina.
Em 1612, o padre jesuíta Ludovico Bertonio escreveu o primeiro dicionário de aimará e uma das entradas se referia ao Deus Ekeko.
O texto é uma das principais pistas para entender sua origem. A descrição do jesuíta começa com as palavras "Tunupa, também conhecido como Ekeko", detalha Fernando Cajías, historiador e professor da Universidad Mayor de San Andrés, Bolívia, e da Universidad Católica Boliviana. Essa poderosa divindade da prosperidade, estive vinculada antigamente com as chuvas, factor essencial para a agricultura e o sustento da população.
História:
O Ekeko é uma divindade reverenciada por séculos antes da conquista do território pelos espanhóis. Seus seguidores acreditavam que ele afugentava as desgraças de suas casas e atraía fortuna.
Acredita-se que tenha se originado entre os Tiwanaku, habitantes do planalto boliviano e às margens do Lago Titicaca, uns 300 anos antes de Cristo. Após a conquista pelos Incas, eles adotaram a divindade e fizeram dela um símbolo de fertilidade e boa sorte.
No início, o Ekeko era feito de pedra, corcunda, tinha feições indígenas e não usava nenhum tipo de roupa: sua nudez era o símbolo da fertilidade. O Ekeko ancestral mostrado na foto de baixo foi achado num templo do sítio arqueológico de Tiwanaku, territorio atual de Bolivia. Depois de muitos anos na Suiza, a peça foi devolvida recentemente e se encontra no Museo Nacional de Arqueología de La Paz. A Igreja Católica tentou erradicar seu culto em tempos de conquista, sem muito sucesso.
Conta a história que em 1781 o jovem Isidro Choquehuanca ofereceu uma pequena estátua do Deus a sua namorada Paulita quando ela foi trabalhar com seu professor Dom Sebastián de Segurola na cidade de La Paz. Dom Sebastián era então governador e comandante de armas da cidade de La Paz.
Pouco depois de sua chegada em La Paz, a cidade foi cercada por um movimento indígena de 40.000 homens para se rebelar contra a coroa espanhola. Por vários meses, a cidade não conseguiu se abastecer e comida e água eram cada vez mais escassas. Paulita, porém, não sofreu porque o namorado havia sido recrutado para o exército rebelde e passou pelas linhas de defesa em segredo, para levar comida para sua amada.
Paulita, magoada ao ver que seu professor não tinha que comer, resolveu trazer a comida sem colocar Isidro em risco. Ela optou por mostrar a estátua do deus Ekeko para Dom Sebastián, que, afundado em ansiedade e angústia, aceitou sem reclamar. Agradeceram humildemente a este pequeno Deus andino que, naquele momento, foi apresentado nu.
Após vários meses de cerco, o exército espanhol alcançou La Paz e os rebeldes foram derrotados. A terrível fome sofrida pelo resto da população não afetou a Dom Sebastián e sua familia. Em premio, o governador homenageia o Deus que os salvou, indicando que essas figuras trariam sorte aos seus donos. Desde então, a tradição de ter Ekekos em casa ficou profundamente enraizada no meio popular até hoje. Porém, os espanhóis decidiram mudar a aparência do Ekeko, vestindo-o e transformando ele num homem mestizo.
Atualmente, ele é representado com um boneco de terracota que pode vir em vários tamanhos e geralmente tem entre 10 e 20 cm de altura. Representa um homem com roupas típicas da região andina. Pequenos sacos pendurados em seu corpo, que, como alforjes, contêm cereais, tabaco e notas enroladas.
Oferendas ao Ekeko para ter uma vida prospera
Os objetos pendurados do seu corpo funcionam como oferendas para promover a aquisição de bens materiais. O dono do Ekeko pode adicionar novas oferendas em miniatura que serão penduradas na estatueta ou colocadas ao lado dela, representando o que deseja obter. Essas oferendas podem ser dinheiro, títulos universitários, títulos de propriedade em miniatura, casas, carros ou até doces para que a vida familiar e amorosa seja sempre bonita e agradável.
Para conseguir os favores solicitados, o Ekeko deve ser "fumado" no momento em que o objeto é colocado, ou mais seguramente nas sextas-feiras. Portanto, a figura possui um orifício na área onde deveria ficar a boca, onde deve ser colocado um cigarro aceso. Se o desejo ou pedido for aceito, o cigarro vai fumar como se o Ekeko realmente tivesse fumado.
Porem, ele é ciumento e fica ruim se o dono não oferenda um cigarro às sextas-feiras, podendo trazer retrasos para os moradores da casa.
É interessante notar que as sextas feiras estão asociadas com o planeta Venus. Em espanhol, a palavra "viernes" vem do latim Veneris dies (dia de Venus) e em ingles "Friday" desce do antigo inglês Frīġedæġ, que significa "day of Frige", ou dia de Frigg que foi a Deusa germânica que no panteão romano era Venus. Ja em quechua, a sexta-feira se conhece como chʼaskachaw, que significa dia de Chaska, que era o nome que nós utilizamos para designar o planeta Venus. Com certeza, as virtudes de abundancia material, prosperidade e fertilidade relacionadas ao espirito do planeta Venus nas diferentes culturas e epocas, foi sabiamente utilizado pelos nossos ancestrais para potencializar a força e as benções do Ekeko. Por essa razão, os Ekekos que oferecemos na nossa loja virtual foram bautizados com um ritual numa data e horario astrológicamente calculados para aproveitar os influxos energéticos de Venus.
Hoje, Seu culto tem se estendido desde as terras altas do sul do Peru até o restante do pais, penetrando fortemente na cultura popular das grandes cidades.
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